sábado, 26 de dezembro de 2015

Natal: eu sou a luz do coração

Por *José de Castro
Natal para mim é um momento de muita reflexão. Costumo fazer um balanço, porque, afinal, Natal já é anunciação do Ano Novo que se avizinha.
Passa sempre um filme na minha cabeça, pensando em tudo o que pude vivenciar ao longo do ano. E procuro ver o quanto avancei, principalmente no campo espiritual. Natal tem um significado muito forte no crescimento nosso para além das coisas materiais.

De nada adianta tudo o que fizemos, se não levarmos em conta a dimensão espiritual que pôde ser vivenciada. Observo que aprendi muitas coisas novas em relação ao que se pode chamar de compaixão, de perdão e também de gratidão.
Mais do que pedir, sinto que preciso agradecer. Agradecer pela família, pelos amigos, pela saúde, por todos os livros que pude ler, pelos livros que pude escrever, publicar e compartilhar com públicos de várias faixas. Pela grande oportunidade também de ter participado de tantos eventos de confraternização literária, por ter podido colaborar em produções de vários amigos e amigas em seus livros de prosa e de poesia.
Além disso, sou muito grato pelos novos membros da família que chegaram, novos netos e ver que os outros que já existiam, continuam crescendo também em beleza, em graciosidade e naquela inocência que tanto bem nos traz ao coração. Acredito que isto não aconteceu só comigo. Muitos amigos e amigas também tiveram a família acrescida de algum novo membro.
Há uma alegria em ver que, com o passar do tempo, vamos ficando mais sensíveis no que tange ao contato com familiares e amigos. Passamos a ver, para além dos laços de sangue, a imensa teia de irmandade que nos conforta o coração. Afinal, somos todos irmãos. Cada um de nós é importante para o outro. E precisamos estreitar cada vez mais esses laços de amizade que precisam estar além dos meros contatos pelas chamadas “redes sociais”. É importante o contato físico, a presença ao vivo, o abraço, a conversa de pé de ouvido, tomar um café juntos, marcar uma “happy hour”. Enfim, precisamos estar conscientes de que a amizade precisa ser cultivada com o “presencial”.
A presença dos amigos nos aquece o coração. O Mestre dos Mestres não fazia acepção de pessoas. A todos ele estendia a sua Luz, aquela Luz que irradia do coração.
E sinto que nós precisamos estar mais atentos ao espírito natalino que nos pede que superemos todo o ódio que muitas vezes é instilado pela mídia e pelas diferenças de credo, pelas diferentes posições políticas. Há uma necessidade de crescimento na direção da percepção de que precisamos saber construir oportunidades de conviver com as diferenças, seja de gênero, de cor, de cultura, de posição social, política ou filosófica.
É preciso que cada um contribua com a sua dose de criatividade e de boa vontade para a construção de um Brasil melhor, com mais oportunidades de estudo, trabalho e oportunidades de multiplicar os talentos e de colocá-los a serviço do próximo. Cada um tem a sua parcela de responsabilidade nesse processo de desconstrução dos ressentimentos e da construção de um país mais solidário, unido em torno de ideais democráticos, que nos façam avançar em direção a um futuro menos incerto.
Há um longo caminho a ser percorrido para que possamos nos sentir mais seguros de que, afinal, saberemos encontrar o nosso papel dentro desse processo. Afinal, somos um país de dimensões continentais, com grandes diferenças econômico-político-sócio-culturais. Mas temos a nos unir uma língua comum e poderemos traçar ideais comuns que nos façam viver o lema de trabalhar em conjunto, respeitando as diferenças e buscando construir consensos e saber fazer as melhores escolhas para assegurar a paz e a tranquilidade para atravessar todo o “mar amargo”, toda a crise que teima em soprar pelo mundo e a nos atingir de forma brutal. Os tempos não estão fáceis. Mas desafios existem para serem superados. E temos muitas condições de sair do “buraco negro”, principalmente, se olharmos com fé para aquilo que precisa ser feito nas áreas da educação, da saúde, da cultura, do lazer e da busca de oportunidades de trabalho para todos, fazendo investimentos nas áreas certas. Temos riquezas naturais, temos grande área territorial. O que precisamos é de ter sabedoria nas escolhas de modelos que contribuam para que as riquezas não fiquem nas mãos de poucos em detrimento de muitos desfavorecidos. Há que se ter, sim, um projeto social, de justo distribuição de riquezas. Um projeto de oportunidades de empreendedorismo para todos os filhos da nação. E isso se consegue com trabalho, persevernça e foco em metas.
Não podemos nos perder no meio do caminho por deixarmos de fazer as correções de rota necessárias em muitas áreas. Temos muito estudo e trabalho pela frente. Precisamos ler mais, estudar mais, cooperar mais uns com os outros. Compreender que ninguém cresce sozinho, que há uma interdependência e que precisamos somar inteligências numa sinergia que nos faça avançar para além das mesquinharias. Afinal, somos um país com uma democracia ainda em construção. Há que se assegurar o direito de cidadania em muitos campos. Soberania se consegue com perseverança, com um projeto que olhe o mundo com olhos de oportunidade, para além de todas as ameaças.
E sem o espírito da Luz no Coração, pouco avançaremos. É preciso que a Luz do Perdão, da gratidão, do Amor, da Compaixão e da Misericórdia esteja presente em todos os lares e em todos os corações. Mas é preciso que tenhamos um foco no crescimento ético, na justiça que não seja seletiva, que seja uma para todos, sem casuísmos, sem beneficiar apenas os que têm mais dinheiro em detrimento dos mais desfavorecidos.
Assim, penso que dias melhores virão. Tenho fé e trabalho para isso, sem ser o arauto do “quanto pior melhor”.
Por isso, Natal é época de reflexão. O que deixei de fazer que poderia ter feito para um mundo melhor? Afinal, temos que ter a humildade de saber que somos humanos que precisamos começar a pensar na nossa divindade. E a divindade pressupõe um alto senso de justiça social, um alto espírito de probidade, de cooperação, de aprimoramento de relações que precisam pairar acima de todas as diferenças.
Cada um de nós é a Luz do Coração. Esse é o espírito do Natal que precisa ser cultivado. Natal de luz, amor, perdão e gratidão. Principalmente pelos desafios que batem, diariamente, à nossa porta. E que carecem de uma boa dose de inventividade, de boa vontade, e de evitar o adiamento do que precisa ser feito HOJE. Amanhã poderá ser muito tarde. O melhor presente de Natal é vivermos o presente de maneira ética, digna e respeitar a todos, olhando-os com a essa luz quem vem do Mestre Interior.
*José de Castro, jornalista, escritor, poeta. Autor de livros infantis. Membro da SPVA/RN e da UBE/RN. Membro correspondente da Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil – ALACIB, Mariana/MG. Contato: josedecastro9@gmail.com

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