sábado, 18 de junho de 2016

Terroristas criam canal em português e preocupam Abin


A 49 dias dos Jogos Olímpicos, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) confirmou a informação de que pessoas ligadas ao Estado Islâmico criaram um grupo para trocar mensagens em português, através de um aplicativo de celular.
O órgão emitiu nota afirmando que a abertura dessa nova frente de difusão de informações, voltadas à doutrinação extremista, ´amplia a complexidade do trabalho de enfrentamento ao terrorismo e representa facilidade adicional à radicalização de cidadãos brasileiros´.
O grupo é chamado Nashir Português, o mesmo nome do canal criado pelos extremistas há cerca de 15 dias, com o objetivo de arregimentar brasileiros para a causa jihadista. Uma estratégia análoga à da Nashir News Agency, usada pelo EI para divulgar manifestos e fazer propaganda. Os integrantes do grupo, que se comunica em português, já estariam sendo monitorados pela Abin. Eles têm usado o aplicativo Telegram.
Segundo informações de uma fonte da área de segurança, as mensagens têm inclusive um discurso de Abu Muhammad al-Adnani, porta-voz do Estado Islâmico. Em nota, a Abin informou que a troca de mensagens pelas redes sociais tem sido bastante usada pelos jihadistas para arregimentar principalmente jovens: ´O compartilhamento desses conteúdos em grupos de troca de mensagens instantâneas é uma estratégia utilizada não apenas no Brasil. Organizações terroristas têm empregado ferramentas modernas de comunicação para ampliar o alcance de suas mensagens de radicalização direcionadas, em especial, ao público jovem´.
A agência de monitoramento de terrorismo SITE Intelligence Group assegura que o grupo Nashir Português foi criado em 29 de maio, a partir de anúncios, nas redes sociais, de que estaria à procura de simpatizantes que falassem português, para a tradução de seu material de propaganda. A Abin, ainda em seu comunicado, observa que os ´conteúdos relacionados a ideologias extremistas são traduzidos para o português e reproduzidos nesse aplicativo de mensagens instantâneas´.
Nesta quinta-feira, durante reunião sobre a segurança na Olimpíada do Rio, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, negou que o assunto tenha sido discutido com representantes do Ministério da Defesa e com o superintendente-geral da Abin, Frank Oliveira. O encontro aconteceu no Centro Integrado de Comando e Controle, na Cidade Nova.
— Isso não chegou a nós. Se a Abin tem essa informação, deve trabalhar para desbaratar esse grupo — disse Beltrame. Durante a reunião, ficou acertado que 15 mil homens das Forças Armadas vão reforçar a segurança em vias expressas, terminais rodoviários, aeroportos e no bairro de Deodoro.
Para especialistas brasileiros, a iniciativa do Estado Islâmico de criar canais em português preocupa, principalmente com relação às ações isoladas dos chamados ´lobos solitários´. Na opinião de Expedito Carlos Stephani Bastos, pesquisador em assuntos estratégicos da Universidade Federal de Juiz de Fora, o Brasil não é um alvo natural, porém a realização dos Jogos Olímpicos na cidade é um atrativo para a propaganda do EI e da Al-Qaeda:
— Poderia ser uma forma de eles fazerem propaganda, porque é um evento de nível internacional, haverá muitas representações de países expressivos. Não podemos prever se vai acontecer algo. O ponto é que devemos estar capacitados para evitar qualquer tentativa. E eu não sei se a Abin está preparada. Os serviços internacionais têm falhado, não conseguem prever certas coisas.
Stephani chama atenção para a falta de comunicação entre os setores de inteligência do país: — Os serviços de inteligência das Forças Armadas e os das polícias Federal, Militar e Civil não falam entre si. Para o coronel Diógenes Dantas Filho, consultor de segurança, o monitoramento das comunicações é imprescindível:
— O terrorista é extremamente discreto e só fala o essencial. Por telefone, vale-se de códigos e da desinformação. Pouco escreve e usa a memorização para evitar rastro. Há dois meses, a Abin divulgou um relatório sobre uma possível ameaça terrorista durante os Jogos. A Polícia Federal de Santa Catarina chegou a investigar um suspeito, em Chapecó, por ele ter recebido treinamento na Síria. (O Globo) 

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