quarta-feira, 1 de junho de 2016

Após queda de ministro, Temer é pressionado a recriar órgão anticorrupção

Após perder dois ministros em 19 dias por alegações de obstrução a investigações da operação Lava Jato, o presidente interino Michel Temer ainda enfrenta boicotes internacionais e pressão de centenas de servidores que exigem a recriação da CGU (Controladoria Geral da União), que atuou como principal órgão nacional de transparência e combate à corrução nos governos FHC, Lula e Dilma Rousseff.

A CGU foi extinta pelo presidente interino horas depois da votação do Senado pelo afastamento temporário de Dilma, em medida provisória publicada em edição extraordinária do Diário Oficial em 12 de maio.
No lugar da antiga Controladoria, Temer lançou o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle, chefiado até a última segunda-feira por Fabiano Silveira.
O ex-ministro foi exonerado após a divulgação de áudios em que critica a Lava Jato e supostamente orienta seu padrinho político e presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), e o ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado, a evitar complicações em interrogatórios sobre corrupção. Silveira nega as acusações e diz que tem ´grande respeito´ pelo Judiciário e pelo Ministério Público.
Passada a exoneração, entretanto, a questão ainda é motivo de dor de cabeça para Temer. Caravanas com mais de 170 servidores da antiga CGU, vindo de 26 Estados, devem chegar a Brasília nesta quarta-feira para pressionar o presidente em exercício a recriar a Controladoria.
Eles prometem se somar aos servidores que já ocupam entradas do ministério desde a mudança anunciada pelo Planalto e dizem que não recuam enquanto a antiga CGU não voltar ao status original.
Membro do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) na época das gravações, Silveira também será alvo de investigação por prática de ´advocacia administrativa´, que ocorre quando funcionários públicos patrocinam interesses privados perante a administração pública. O processo será instaurado pela ministra Nancy Andrighi, corregedora nacional de Justiça.
Principal entidade global de combate à corrupção, a Transparência Internacional anunciou ´suspensão do diálogo com o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle ´até que uma apuração plena seja realizada e um novo ministro com experiência adequada na luta contra a corrupção seja nomeado. 

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