Mostra inédita e interativa sobre o universo do etnógrafo, escritor e maior estudioso da cultura popular brasileira, tem abertura no dia 20 de outubro
O mais conhecido estudioso da cultura popular brasileira, também etnógrafo, pesquisador, folclorista e escritor norte-rio-grandense, Luís da Câmara Cascudo, ganhará uma exposição inédita no Museu da Língua Portuguesa, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo.
A mostra, intitulada “O Tempo e eu (e Vc)”, uma realização da Casa da Ribeira São Paulo e Instituto Câmara Cascudo, será inaugurada, amanhã, dia 20 de outubro e tem como objetivo aproximar Cascudo, vivo e atual, do grande público.O mais conhecido estudioso da cultura popular brasileira, também etnógrafo, pesquisador, folclorista e escritor norte-rio-grandense, Luís da Câmara Cascudo, ganhará uma exposição inédita no Museu da Língua Portuguesa, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo.
Luís da Câmara Cascudo (30/12/1898 - 30/07/1986) deixou um importante legado dentre os mais de 150 livros que escreveu, já que grande parte deles são referências sem similares, como “Dicionário do Folclore Brasileiro” e “História da Alimentação no Brasil”. Dos primórdios da gastronomia brasileira às nossas danças, gestos e costumes, seu universo pesquisado continua até hoje a instigar e atrair intelectuais e estudiosos pelo mundo, mas permanece pouco conhecido e vivenciado pelas novas gerações.
A concepção do projeto surgiu da ideia de transformar os escritos e pesquisas do autor numa experiência única e inovadora; uma exposição interativa em um dos maiores centros culturais da América Latina. Assim nasceu a mostra “Câmara Cascudo no Museu da Língua Portuguesa – O Tempo e Eu (e Vc)”. Montada no primeiro andar do Museu da Língua Portuguesa da Estação da Luz, em São Paulo, a “Expo Cascudo” ocupará mais de 600 m² de área, dividida por módulos que abordarão as diversas temáticas, presentes nos escritos e pesquisas do maior dos intelectuais nascido no Rio Grande do Norte. A intenção é recriar um ambiente de experiência onde vai ser possível navegar pelo mundo de Câmara Cascudo, se reconhecer parte dele, com todas as suas viagens sensoriais – os movimentos, toques, cores, histórias e sons da cultura popular brasileira, e compreender a importância e a contemporaneidade de seus conhecimentos.
A mostra conta com uso de tecnologia e muita interatividade, apostando em experiências que valorizam toda a diversidade registrada por Câmara Cascudo. O produtor Gustavo Wanderley, diretor da Casa da Ribeira São Paulo, destaca o caráter de ineditismo desta ação cultural, pois contemplará pontos de toque que extrapolam o universo literário, como a cultura popular, a gastronomia e o idioma. "Cascudo revelou ‘brasis’ invisíveis aos brasileiros, e é imperativo mostrar isso às novas gerações. Queremos que as pessoas percebam a contemporaneidade de sua obra”, explica.
Um pequeno exemplo do detalhismo da mostra está no conceito de tipologia da exposição. A escrita foi criada a partir das letras, brasões e grafismos encontrados nas marcações do gado no sertão nordestino, costume que remonta aos primórdios da dinâmica socioeconômica do homem rural do nordeste - um trabalho que remete ainda a outro grande estudioso potiguar, o sertanista Oswaldo Lamartine de Faria (1919-2007). "Cascudo e Oswaldo eram amigos, trocavam correspondências e estudos. Ambos estudaram o sertão. Então transformamos essa heráldica sertaneja em uma escrita feita a mão, como uma espécie de renda", comenta o curador.
Todo o conteúdo da exposição foi inspirado no universo do maior estudo sobre cultura popular do Brasil a partir de Cascudo, que compreende não só sua vasta bibliografia pesquisada, mas sons, cheiros, paisagens, gestos, experimentos e costumes. Desta forma, o recorte curatorial foi definido a partir de cinco módulos: Biografia; Danças; Oralidade; Crenças e Cozinha Brasileira.
BIOGRAFIA
Em “O Tempo e Eu” (nome retirado do livro homônimo de Cascudo) será abordado o autor e o homem Cascudo, e abrange a sua biografia, compreendendo o período de 1898 a 1986, com ênfase para sua produção intelectual, ficcional ou não, e sua extensa rede de amizades - incluindo as correspondências com grandes intelectuais como Mário de Andrade - e as viagens de estudos que empreendeu pela África e Europa.
DANÇAS
O segundo módulo é “Dança, Brasil”, que compreende os autos e as festas populares do Brasil, onde será possível ouvir e reconhecer o nascimento do País a partir das expressões artísticas do povo, do coco, ao maracatu, do samba, frevo e bumba meu boi, fandangos e cheganças, lapinhas e maneiro-pau.
ORALIDADE
Já o módulo “A Literatura Oral e a Voz do Gesto”, vai esmiuçar a literatura oral: o conto, a lenda, as adivinhações e provérbios, cantigas, orações, parlendas, frases-feitas. “Trata-se do legal oral transmitido geração após geração. E o gesto também marca presença como precursor da linguagem em todos os recantos do mundo”, explica Wanderley.
CRENÇAS
Em “A Religião no Povo” será abordado o sincretismo brasileiro a partir do sentimento da religiosidade popular manifestado através de bênçãos, promessas, santos tradicionais, orações, pragas, profecias, superstições, amuletos, entre outros objetos de estudo do folclorista.
A COZINHA BRASILEIRA
Um dos módulos que promete maior desdobramento é “Todo trabalho do homem é para sua boca”, que vai explorar a gastronomia e a alimentação a partir do magistral estudo “História da Alimentação no Brasil”, obra de Câmara Cascudo que esmiúça nossas origens alimentares. O módulo vai trabalhar com materiais inusitados para tratar dos vários estágios da alimentação: A infância do Brasil, com a ementa portuguesa, a dieta africana e o cardápio indígena. O módulo também trabalhar os conceitos de Incorporação e Substituição na culinária brasileira, expondo modos de fazer ao vivo.
“O livro História da Alimentação no Brasil é referência para muitos Chefs e pesquisadores que pensam nossa gastronomia como patrimônio cultural brasileiro, então é natural que o tema ganhe as ruas em palestras, seminários, cardápios especiais e até feiras de rua”, pontuou Wanderley.
Para Daliana Cascudo, presidente do Instituto Câmara Cascudo, a exposição é a realização de um antigo sonho da família. Ela lembra que todos os contemporâneos de Câmara Cascudo já passaram pelo Museu da Língua Portuguesa, entre os quais amigos do intelectual potiguar, como Guimarães Rosa, Gilberto Freyre, Cora Coralina, Jorge Amado, Clarice Lispector e Oswald de Andrade: “Sentíamos que faltava alguém como ele no memorial, principalmente por ser um lugar que celebra a língua portuguesa”, confessou a neta de Câmara Cascudo. “Para quem tinha como objeto de estudo o povo brasileiro, se faz mais do que necessário que este mesmo povo conheça sua obra e se reconheça nela”.
“O Tempo e eu (e vc)” é uma realização da Casa da Ribeira São Paulo e Ludovicus - Instituto Câmara Cascudo. Apresentam a mostra, o Ministério da Cultura, o Governo do Estado de São Paulo e o Grupo Marquise. O patrocínio master é da Petrobras. Ainda patrocinam a exposição o Grupo 3 Corações. O módulo que retrata a Dança terá investimento do grupo O Boticário. A mostra recebe apoio da Global Editora e C5 – Centro de Cultura Culinária Câmara Cascudo. O projeto também é beneficiado pela Lei Rouanet de incentivo à Cultura.
OS REALIZADORES: Casa da Ribeira São Paulo e Instituto Câmara Cascudo
A produção da mostra tem a coordenação de Gustavo Wanderley, um dos sócios-fundadores da Casa da Ribeira São Paulo, ocupando atualmente a função de Diretor de planejamento e projetos da Casa. É especialista em Gestão Cultural e Inovação em Serviços, curador e desenvolve projetos sociais e culturais desde 1999. O arquiteto e produtor cultural Edson Silva também integra a direção do evento. Desenvolve há mais de 15 anos projetos de equipamentos culturais e desenho de exposições. Edson é diretor de relações com investidores da Casa da Ribeira e, no projeto Expo Cascudo ele está responsável pela coordenação expográfica.
O Ludovicus – Instituto Câmara Cascudo tem sede na residência localizada na Avenida Câmara Cascudo, 377, Centro, Natal/RN, a casa onde Cascudo viveu grande parte de sua vida, sempre foi um endereço de referência da cultura do nosso estado. A casa foi construída na forma de um chalé, em 1900. Em 1990, ela foi tombada pelo patrimônio estadual através da Portaria No. 045/90, como forma de preservação e conservação histórica. Hoje, a casa se transformou em um centro cultural cujo objetivo é a preservação, divulgação e gerência do patrimônio cultural de Luís da Câmara Cascudo. É nesta instituição onde estão coleções das obras do mestre, além de todo acervo bibliográfico e documental. Também curiosidades como as paredes autografadas da biblioteca, com assinatura de grandes intelectuais brasileiros e estrangeiros que o visitaram, a preciosa pinacoteca, o mobiliário de época e a coleção de comendas. É administrada pela família de Cascudo e tem como presidente a neta Daliana Cascudo, substituindo Anna Maria Cascudo que faleceu no início de 2015. Para a realização da "Expo Cascudo", a casa tem promovido encontros entre equipe expográfica e familiares do mestre.
SERVIÇO:
Mostra "O Tempo e Eu (e Vc) – Câmara Cascudo no Museu da Língua Portuguesa“
Data: 20 de outubro a 14 de fevereiro de 2016
Museu da Língua Portuguesa
Praça da Luz, s/nº - Luz - São Paulo-SP
Tel.: (11) 3322-0080
Funcionamento: de terça a domingo das 10h às 18h.
R$ 6,00 | Grátis aos sábados.
Entrada gratuita para professores da rede pública com holerite e carteira de identidade; crianças até 10 anos e adultos a partir de 60 anos.
Funcionamento: de terça a domingo das 10h às 18h.
R$ 6,00 | Grátis aos sábados.
Entrada gratuita para professores da rede pública com holerite e carteira de identidade; crianças até 10 anos e adultos a partir de 60 anos.
Fonte: Segs
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